Buraco do ozono ameaça Portugal

10-04-2011 16:58

Buraco do ozono ameaça Portugal

Portugal está sob ameaça: a concentração de ozono na atmosfera registou os valores mais baixos de sempre, levando a um aumento do buraco de ozono. Observações feitas no hemisfério Norte, sobre o Árctico, por balões meteorológicos, satélites e estações no solo, dão conta de uma perda recorde na camada na ordem dos 40 por cento desde o início do último Inverno até finais de Março.

 

 

O anterior valor mais elevado era de 30 por cento. Na origem desta redução está um Inverno rigoroso na estratosfera e a presença contínua de substâncias nocivas para o ozono.

Os especialistas temem que a massa de ar afectada possa ser deslocada, através dos ventos fortes desta altura do ano, para latitudes mais baixas, ou seja, algures a meio caminho entre o Pólo Norte (90ºN) e o Equador (0ºN). Países do Sul da Europa, como Portugal, Espanha, Itália ou Grécia, estarão mais expostos às radiações ultravioleta, que aumentam as probabilidades de contrair cancro na pele e severos problemas respiratórios.

"Vamos esperar e ver o que vai acontecer. É algo que temos de estar atentos, mas não é catastrófico", comentou Paul Newman, especialista em ozono e comportamento da atmosfera da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), acrescentando: "Não é necessariamente uma grande surpresa. No Inverno estratosférico passado registámos temperaturas mínimas muito altas e os níveis de ozono foram elevados".

Diamantino Henriques, do Instituto de Meteorologia (IM), considera pouco provável que a massa de ar com baixas concentrações de ozono vinda do Pólo Norte possa influenciar o território nacional. "A curto prazo é mais provável sermos influenciados por uma massa de ar dos trópicos, com concentrações de ozono na estratosfera semelhantes às existentes no Pólo Norte", afirmou ao CM, recorrendo às previsões do próprio IM para os próximos dias. Para o especialista português, estes valores registados agora no Árctico serão "um mero acaso dinâmico, resultado da variabilidade atmosférica". O alerta dado ontem pela Organização Mundial de Meteorologia refere isso mesmo: "As condições meteorológicas no Árctico variam bastante de um ano para o outro. Daí que alguns Invernos não registem qualquer perda de ozono, enquanto em outros já se verifiquem reduções acentuadas".

BURACO PERMANENTE NO HEMISFÉRIO SUL

As concentrações de ozono sobre a Antárctida são extremamente baixas, tornando quase permanente a existência de um ‘buraco’ no Pólo Sul. Em meados dos anos 80, os líderes mundiais despertaram para o problema da destruição da camada de ozono, tendo adoptado uma série de medidas com o objectivo de reduzir a emissão de gases nocivos.

O protocolo de Montreal, adoptado em Setembro de 1987, determinou também que os cientistas do programa ambiental das Nações Unidas fizessem a monitorização do problema. O último relatório produzido pelos investigadores aponta para uma melhoria nos resultados obtidos, devido às medidas adoptadas. "O protocolo de Montreal protegeu a camada de ozono de uma destruição muito mais acentuada e teve benefícios também na redução das alterações climáticas", lê-se no documento. Mantendo-se o protocolo de Montreal, as expectativas apontam para que em 2060 a camada de ozono esteja recuperada. Em Setembro de 2000, o buraco sobre a Antárctida registou a sua área máxima, de 29 milhões de quilómetros quadrados.